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CEFET-MG

Identidade racial de Machado de Assis é tema de pesquisa

Segunda-feira, 17 de março de 2025
Última modificação: Segunda-feira, 17 de março de 2025

Projeto do campus Varginha buscou desvendar o importante autor brasileiro

No campus Varginha do CEFET-MG, estudantes se dedicaram a olhar para a obra de Machado de Assis e explorar sua complexa identidade racial e as críticas sociais sutis presentes em suas obras. O trabalho “”Desvendando Machado de Assis: identidade racial e tramas sociais no Brasil do século XIX” foi desenvolvido pelos estudantes do curso técnico em Mecatrônica César Gabriel Mendes, Ana Alice Gomes e Ana Luiza Vale, sob orientação da professora Erika Kress.

Erika lembra que Machado nasceu em berço pobre e miscigenado, filho de pai pardo e mãe portuguesa e, devido às suas origens afrodescendentes, foi castigado no meio social, em um cenário marcado pelos horrores da escravidão. “Ao longo de sua vida, o escritor sofreu um processo de “embranquecimento” cultural e histórico, sendo o motivo da produção desse trabalho”, explica a professora. “A pesquisa analisa como esse embranquecimento — desde a distorção de sua imagem até registros oficiais, como sua certidão de óbito — influenciou a percepção de suas obras ao longo do tempo”.

O trabalho também analisou como Machado tratou temas como escravidão, patriarcalismo e desigualdades sociais em contos como “Pai contra Mãe”, “O Caso da Vara”, “O Espelho” e “O Conto da Escola”. Além da análise literária, o projeto realizou pesquisas de campo como forma de validar a existência do problema. Foram realizadas entrevistas com pessoas de diferentes faixas etárias e contextos socioeconômicos, incluindo servidores da empresa Valim Contadores em Varginha, servidores terceirizados e alunos ingressantes no CEFET-MG. O levantamento revelou, entre alguns resultados, que, embora 100% dos entrevistados conheçam o nome de Machado de Assis, quase metade ainda acredita que o autor era branco, perpetuando o estigma histórico.

“Com este estudo, os alunos buscaram não apenas resgatar a verdadeira identidade racial de Machado de Assis, mas também promoveram uma reflexão sobre o racismo estrutural presente na sociedade brasileira e sua influência na literatura”, afirma Erika. O reconhecimento veio com a premiação do primeiro lugar na categoria Ciências Humanas, Sociais, Biológicas e da Saúde, Linguística, Letras e Artes, na modalidade Ciência Aplicada/Inovação Tecnológica, da 33ª Mostra Específica de Trabalhos e Aplicações (META). Para Erika, isso “destaca a relevância do debate e reforça a importância de revisitar grandes nomes da cultura nacional sob novas perspectivas”.

Coordenação de Jornalismo e Conteúdo – SECOM/CEFET-MG